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segunda-feira, 12 de abril de 2010

tributo.

páscoa, natal, quermesse da igreja e dia de jogo. pra mim, são 4 datas que ao longo de 18 anos, foram muito importantes pra mim.
vou ser egoísta e dizer que foram importantes não pela comemoração em sí, mas sim pela presença, pela nostalgia. ok, vou tentar me explicar.

abril. mês em que passo no mercado Papini pra comprar pãozinho pra minha mãe e, no caminho do caixa, trombo em algum ovo de páscoa. pra muita gente, essa época relembra o sofrimento de uns ou tem algum valor religioso. sinceramente, pra mim, sempre foi um momento de unir a família e comer bacalhau. APENAS isso (tudo bem que esse ano, com esse mundo moderno e o bacalhau com o preço lá em cima, apelamos pro restaurante japônes). independente do cardápio, o mais importante, como disse, é juntar a família e aqueles que são importantes. no meu caso, o valentim sempre tava lá. ficava sentadinho do outro lado da mesa, com as mãos cruzadas em cima da perna, falando pro fred sair de baixo da mesa e dizendo que queria ir pra casa de cinco em cinco minutos.

dezembro. mês em que, normalmente, não só eu mas muito dos meus amigos sofremos com a famosa pressão dos exames, sejam eles de periodontia, dentística e etc. o que importa é que eles sempre estão lá, pra nossa alegria (sinta um tom irônico aí, ok ?). também é o mês em que 77,7% da população que considera ter amigos pra valer, junta-se em sua panelinha e troca presentes no amigo secreto (eu mesmo, sempre que sorteio alguém irrelevante, troco por outra pessoa. desculpa, não vou gastar trinta reais suados pra fazer um social a toa. que seja pelo menos com alguém útil). mas, acima de tudo, é o mês em que temos a famosa noite natalina, onde o papai noel e seu saco vermelho vem nos brindar com sua presença encantadora. acima da religião, pra mim, novamente, é tempo de juntar as pessoas e, outra vez, ver o valentim lá na ponta da mesa, com as mesmas manias e risadas, mas dessa vez, se enchendo de pernil e no fim da noite, sendo o personagem mais engraçado da troca de presentes, haha. todo ano, eu recebia os dez reais mais bem suados e trabalhados que alguém poderia receber, direto da mão dele. o melhor presente que alguém poderia receber, não pelo valor em sí, mas sim por todo o seu bastidor.

junho. mês de festa junina ! época de tomar vergonha na cara, parar de ser mole e chamar a menininha que você teve em vista desde o começo do ano (tudo bem que ao longo da minha carreira escolar, eu nunca fui muito bem sucedido, mas enfim). seja na igreja, seja na escola, a quermesse é sempre boa. churrasco, quentão, biribinha no olho do colega, argola na cara do tio da barraca da argola (lógico, dã) e, não menos importante, a quadrilha. em especial, eu nunca gostei de quadrilha. na minha memória recente, em uma dessas por aí, fui obrigado a dançar 'thriller'. imagine. pois bem, acima de toda essa humilhação, o valentim estava lá, sempre ! aí você vai dizer : 'pô, que cara legal ! tão velhinho e te prestigiando todos esses anos !'. hãm .. engano seu, ele gostava era de um bom churrasco de graça. mas e daí ?! o que importava é que ele estava lá, todo santo ano, batendo cartão.

quartas e domingos. dia de jogo, jogo do nosso time ! esses dias eu ví um comercial na televisão, não lembro do quê, mas dizia que você iria 'ver o futebol de novo, como se fosse a primeira vez' ou algo do tipo. uma coisa é você assistir a uma boa partida direto da sua casa e outra, é estar lá perto. desde pequenos, somos condicionados a torcer, ao menos se você se tiver nascido menino, existem excessões, claro. junto a isso, vem a escolha do time. ahhh, que dureza ! aí entra o elemento surpresa : a sorte. se você for nascido em berço de ouro, em uma família de pessoas de boa índole, caráter e que pagam seus impostos conforme a lei, seja bem vindo a alegria e decepção de ser palmeirense. alegria e decepção ? sim. um dia estamos lá em cima, outros muitos dias estamos lá em baixo. mas e daí ?
quando eu digo :
'pai, to indo ver o jogo com o wallace e o fernando'
'você é burro ? vai tomar garoa e pagar deizão pra estacionar o carro pra ver teu time perder ?!'
enfim, tenho orgulho de dizer que, se perder, pra mim não tem problema. o que importa é celebrar a nostalgia. eu lembro da primeira vez em que sentei nas numeradas do palestra itália. foi uma tarde de domingo, palmeiras x goiás, valentim do meu lado, 3x3. apesar do placar, pude dar início a uma das minhas maiores paixões. saindo do estádio, ali mesmo na rua, ele comprou um colar pra mim. simples, um tanto quanto mal feito, mas foi e é bem siimbólico. toda vez em que olho, lembro dele, lembro desse dia. faz parecer como se ele estivesse aqui do lado, com as mãos cruzadas em cima das pernas, comendo churrasco e falando 'xispa' pro fred.

tudo bem que, hoje em dia, eu consigo lidar melhor com isso mas, parando pra pensar, faz parecer como se fosse ontem. não foi de repente, não, não foi. demorou um certo tempo até as coisas tomarem seu declínio final. tenho orgulho em dizer que durante esse declínio, eu não o ví sequer uma vez. tenho certeza que ele não gostaria que eu presenciasse aquilo.

já fazem quase dois anos em que as páscoas, os natais e as quermesses não são mais as mesmas. pelo menos eu tenho algo em que eu posso sempre me lembrar dele : é verde e branco.

valeu vô :)

3 comentários:

  1. Datas simples e tão importantes. Porque são datas que fazem parecer que o mundo lá fora não existe mais para coisas ruins. Parece que a felicidade nostálgica que a gente sente transforme o "aqui e agora" os melhores lugar e tempo do mundo...

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  2. Seu Vô era muleque doido, certeza!
    E ah, eu não pego exame mais adogo o saco vermelho do papai noel. Rsrs
    Beijoca LuKKinhas

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