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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

39°

esse sábado eu tomei um coquetel.
foi tenso. quando senti a parada fazendo efeito comecei a ver coisas, meus olhos começaram a fechar, minha boca ficou seca e tive que sentar pra não cair. aí você vai me perguntar : 'caraca mermão, que que tu bebeu ? passa um pouco disso aííí!'. então, não foi um desses coquetéis mas sim, um daqueles que você toma quando fica enfermo, doente, no hospital. pois bem, sentado na cadeirinha da enfermaria, com o braço esticado e vendo aquela parada mágica entrar nas minhas veias, bateu a filosofia.
alguma vez na sua vida, já parou pra mentalizar e associar o significado das palavras amizade, carinho e tamo-junto-para-o-que-der-e-vier no seu cotidiano ? se a resposta for um 'não', com licença, te guiarei nisso.

amizade é algo lindo. ahh, se é ! vai muito mais além de um sorriso, um beijo no rosto e um aperto de mão/na bochecha/no bumbum. é algo que deve ser analisado de vários ângulos, onde não podem haver pré-conceitos e falsos consensos. ser/ter/parecer/querer ser/fingir ser amigo é profundíssimo. como já disse antes, não tenho muitos. dos poucos e infelizes que tenho, valem por muitos. e não porquê pesem mais de 100 quilos ou meçam mais de 25 centímetros mas sim por toda a sintonia, palhaçada e química que rola (no bom sentido, é claro).

carinho é legal. eu tento praticar sempre quando é possível e cabível. assim como já disse antes, também, não sigo aquele estilo super-best-friend-restart que todo mundo cultiva hoje em dia. gosto das coisas mais sutís, mais maneiras e marcantes. curto um abraço aqui e um abraço alí, também. vou exemplificar. quando entro na sala 211 da unisa e reconheço uma cara de doença, fico atento. eu curto ficar prestando atenção em quantas pessoas vão parar na frente dela, perguntar se está tudo bem e oferecer um abraço. beleza. pra que isso ? um abraço não vai curar uma pessoa. a não ser que você seja jesus ou a vampira do x-men, isso não vai afetar em nada, só vai demonstrar o quão puxa-saco você está sendo.

tamo-junto-para-o-que-der-e-vier. nunca diga isso, nunca. eu procuro fugir dessa promessa. gosto de dizer que amizade e carinho são sensacionais mas, tem um limite! se eu for pra balada com você e, 5 caipirinhas depois, ver que arranjou briga... sinto muito, se vira. não me ponho em risco diante de idiotice ou falta de malandragem (claro que é uma situação e por ser uma situação, dependendo da situação, minha atitude perante a situação pode mudar.) ao invés de prometer isso, exale coisas mais sutís. diga um 'se precisar de ajuda, me liga' ou um 'se você estiver chorando e precisando de alguém pra jogar poker, passa em casa'.

depois da análise, juntei tudo isso aí em cima e me peguei pensando : 'em qual situação da minha vida ou da vida de qualquer outra pessoa que não seja eu, posso juntar isso tudo ?' trinta segundos depois, percebi que existem apenas duas ocasiões. no seu funeral ou quando você vai pro hospital, e lá fica, internado. é cruel, chato e tudo o mais, eu sei, mas, reflita consigo mesmo e me responda se estou certo ou não.
as vezes a vida é engraçada. certas coisas acontecem com a gente, meio que inusitadamente e, ao fim, aprendemos muito até mesmo com o mais simples. certas palavras possuem mais de um significado lá no dicionário, apenas. quando colocamos elas em prática constatamos que fogem do contexto e que nem tudo é o que parece. não basta ter noção e saber, é necessário presenciar e ter a experiência. não estou aqui para dizer que sou a pessoa mais experiente do mundo. muito pelo contrário. conheço muitos significados que no momento não significam nada pra mim mas que, creio que um dia, com certa vivência, poderei constatar e reescrevê-los.

pois bem. espero que daqui pra frente você reveja as palavras que pôr pra fora da sua boca.
seja coerente com as pessoas e principalmente,
com você mesmo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

nariz gelado.

eu não sou de praticar demonstrações públicas de afeto, principalmente aquelas mais explícitas. entenda-se explícitas aí como gritaria, gritaria e gritaria. se você pensou besteira, entrou no site errado.
não sou e nunca fui de demonstrar o que sinto através de determinada ação. prefiro recorrer a outras práticas mais sutís mas não menos prazerozas e/ou de fato interessantes. se algum dia você me encontrar na rua e, sei lá o porquê, me ver correr/gritar em direção a alguém, com certeza não serei eu. pode até ser um clone, meu irmão gêmeo do mal ou alguém tão charmoso quanto eu mas, repito, não serei eu.

na minha opinião, certos conceitos estão muito deturpados. sai e entra geração, as coisas tendem a piorar.
na minha época, assistir 'tv cruj' era o bicho. você chegava da escola, engolia todos os seus legumes correndo, subia as escadas tropeçando, sentava no sofázinho de couro da sua vó e por fim, entrava em êxtase. com essa galerinha colorida do mal, não é mais assim. se você gasta 10 minutos do seu dia assistindo 'pateta e max', de duas, uma: é viado ou tem síndrome de down.
na minha época, eu escutava música. tudo bem que era inevitável fugir das modinhas e tal mas, mesmo assim. podemos comparar as modinhas de antigamente com as atuais: creed ou cine ? claudinho e bochecha ou strike ? é o tchan ou justin bieber (se você não gostava de é o tchan, vá pro inferno) ? creio que não preciso nem responder.
na minha época, tudo se baseava na conquista. essa coisa de ir pra balada pegar geral não existia ainda. sinceramente, vejo muito mais graça na perda de tempo, insistência, encheção de saco, trocentos sms's, bom dias, boa noites, 'sinto saudades', 'quero te ver', 'vamos comer um pastel alí', cinema a dois, rachar a conta no restaurante, presentear, receber muito mais presentes do que presentear, intimidade, parceria, risadas e, não menos importante, o famoso 'me abraça que to com frio'.

eu dou valor para o simples. não confunda essa 'simplicidade' com falta de vontade e acomodação. me refiro ao estado de ser onde se deseja pouco para estar feliz. basta um sorriso, uma música e um abraço.

me disseram para escrever algo de coração, coisa que não fazia faz muito tempo. as vezes a idéia fica confusa, dispersa, mas o que prevalece é a intenção. cabe aqui a reflexão de sabermos distinguir o antigo e o novo, além de todos os conceitos que os envolvem. junto a isso, vale a pena fixar também que, mudanças, as vezes não são boas: tiram de você tudo aquilo que você é.

eu não to nem aí pras coisas que virão.
eu vou continuar a assistir pateta e max, a pirar quando ouço tchuruthcucundacunduro, a mandar meus sms's, bom dias, boa noites, ir ao cinema a dois e, se eu passar frio na fila, jogar a indireta do 'meu nariz tá gelado'.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

é isso mesmo e já era.

aê chapa, relaxa.
fica na tua, vai dar uma volta, vai lá fora ver se tá chovendo, abre seu caderno e dá uma estudada, liga o teu playstation na tomada, ouve um coldplay, come um chocolate, toma um copinho d'água, dá uma volta com o cachorro ou faz um ponto cruz com a sua tia-avó. fica tranquilo, por favor.
já aconteceu. não tem volta ou sequer uma maneira viável de consertar. por mais que você queira mudar essa situação, você não vai conseguir. acredite em mim, sou seu amigão.
você foi mal naquela prova que com certeza foi a mais fácil em toda a sua vida, ficou de recuperação, pegou dependência naquela matéria chaaata de doer, repetiu de ano, viu seu time perder com uma cabeçada no último minuto do segundo tempo, chamou a sua galera e ficou em último no campeonatinho de winning eleven, quebrou aquela unha, se cortou com a gilette e ficou com a cara parecendo um rabanete o dia inteiro, pisou no cocô do cachorro, tropeçou na calçada e caiu em cima daquele mesmo cocôzinho, perdeu o último trem, perdeu o último ônibus da madrugada, perdeu o último halls preto que tinha no bolso, percebeu que alguém foi mais maroto que você e comeu aquele último pedacinho de torta de morango que você tinha escondido no fundo da geladeira, você acordou as 5 horas da tarde e percebeu que seus pais foram no restaurante japonês e te abandonaram na companhia de um potinho de purê com legumes, você conheceu aquela cocotinha, se apegou, colocou na cabeça que quer mais, insistiu, plantou bananeira e até esperniou mas, ela não ligou pra você.

pois é, a vida é assim. por mais que possamos querer X, teremos Y, sempre. isso é fato comprovado, constatado e puramente real. (se você não manja de álgebra, substitua o primeiro por batata e o segundo por cenoura, é a mesma receita, literalmente).
ponha na cabeça que você não pode esperar certa atitude, reação ou resultado de determinada pessoa ou situação. conforme-se. talvez, com o tempo as coisas melhorem. aquilo que parecia perdido pode mudar de tom completamente e, quando você notar, vai se surpreender. quando você se surpreender, será feliz. quando for feliz, abrirá o maior sorriso do mundo. quando abrir o maior sorriso do mundo, torcerá para que os outros notem. quando os outros notarem, vai poder desligar seu playstation. vai ser assim, como se fosse um ciclo.

boa sorte. se sobreviver, mande notícias.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

literalmente.

era uma vez uma panqueca. quando pequenina, ainda nos campos de trigo, olhava o horizonte, fixamente. achava tudo aquilo muito lindo, digno de moldura e pintura. não tinha muito o que fazer. sua vida era limitada a ficar fixa, imóvel em seu lugar. devido a tal fardo, imaginava que, a visão que tinha daquele maravilhoso horizonte era infinita. não passava em sua cabeça, outra situação se não a de que, no mundo, tudo se limitava a sua família. para onde quer que olhasse, estava rodeada de seus amigos, coleguinhas e parceiros de fotossíntese. a vida era linda, ah se era ! a rotina consistia em coisas práticas, cujas quais não requisitavam sequer um grão de responsabilidade, literalmente. durante muito tempo, foi a massa mais feliz do mundo. ao passar das manhãs, tardes e noites, chegou o momento de amadurecer, de colher os frutos. não poderia mais chorar, ter medo de sair de casa sozinha, comer e deixar o prato sujo em cima da pia, deixar pra estudar na última hora, gastar toda a sua mesadinha na cantina da escola, ter medo do escuro e não escovar os dentes antes de ir pra cama. pobre panquequinha ! estava deixando toda uma vida de regalias para trás.

passado certo tempo, nossa amiga ganhou um novo lar. ahh, como era linda a vitrine do restaurante ! toda enfeitada com tema italiano e não menos importante, enrolada em um guardanapo verde. ela adorava o verde ! há quem dissesse que era palmeirense roxa, daquelas de chorar rios de molho de tomate na derrota e soltar gritos de alegria ao ver aquele rapaz chileno driblando os corinthianos. num dia desses, assistindo televisão com a galera do serviço, viu algo que lhe chamou a atenção: um pato falante. abstraindo sua irrelevância, atentou para as deliciosas panquecas redondinhas e cheias de mel que o famoso personagem em questão adorava. nesse momento, traçou um objetivo em sua vida: ser parceira de elenco do pato donald. não seria um caminho fácil. essa nova empreitada necessitaria do seu máximo. mesmo sabendo de todos os possíveis percalços, embarcou nessa. a vida havia tomado um novo rumo. um rumo diferente, desconhecido e temeroso, cheio de incertezas, indecisões e incapacidades. nesta sua nova fase, a nossa querida panquequinha estuda até não conseguir ficar mais acordada, vai na academia pois a idade chegou e com ela alguns quilinhos a mais, não sai mais da sauna e pula direto na piscina pois sabe que o perigo de choque térmico é grande, tenta não dormir tarde pois trabalha e estuda o dia inteiro, vai pra balada com os amigos e imita todas aquelas dancinhas sensacionais, aprendeu inglês e francês, vai pra casa dos primos no interior e mata a saudade que nunca acaba (aliás, tem um primo que é um bolinho, literalmente) e procura não mais prometer o que não pode cumprir.

aos 20, está terminando a faculdade e quer sair do restaurante, morar sozinha, sem os pais. por mais que eles considerem o mundo lá fora canibal e sedento por panquecas, ela quer arriscar. sonha em morar sozinha, em sua própria caixinha de comida italiana na sessão de congelados. não passa de um sonho, como dito antes. para tal feito, terá que amadurecer mais um pouquinho mas, nem tanto. sabe que se amadurecer demais, pode estragar, literalmente. mesmo com todas as evoluções e mudanças, continua colecionando álbuns de figurinha, a jogar bola descalço na chuva, a esboçar um moicano no banho, a comer porcaria antes de dormir, a gostar de uma boa companhia em dias de chuva, de uma boa panquequinha em dias que sejam/fiquem mais quentes, a comprar bala na padaria, falar palavrão quando perde um gol feito no videogame e a tomar fanta uva quente.

é meus caros.
essa panqueca sou eu, literalmente.